"Sem medo da verdade."

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ARTIGO DE CRISTIAN GOES

O vice, governador


A história política está cheia dos casos de vices que, por um desarranjo do destino, assumiram em lugar dos titulares. No pouco ou longo tempo de interinidade, os vices sempre se revelaram gratas surpresas, salvo honrosas exceções. As boas experiências com os vices não residem geralmente em algum deslize dos titulares, mas nas surpresas e novidades dos estilos pessoais.
Mesmo há mais de um ano distante 1,7 mil quilômetros de Sergipe e meio enferrujado com as letras, tento acompanhar modestamente o que acontece por aí. Na política, no que pese uma cerca monotonia de fim de ano, chama atenção às recorrentes mensagens eletrônicas e as conversas de bastidores sobre as muito boas impressões causadas pela atuação do vice-governador Belivaldo Chagas, do PSB, no comando do Governo. No entanto, nada disso é grande novidade.
Obrigado a assumir a chefia do Executivo em razão de problemas com a saúde do governador Marcelo Déda, o vice vem se revelando uma grata surpresa na gestão para muitos que ainda não o conheciam bem. O “Galeguinho de Simão Dias” – tinha que ser daquele Hollywould nordestino -, como é carinhosamente chamado, vem imprimindo discretamente no Executivo seu jeito atencioso e firme, conciliador e prático, bem humorado e discreto, fiel e compromissado com as mudanças em Sergipe.
Esses traços, em verdade, o acompanham em seus vários anos no Legislativo estadual. Quase sempre na oposição, Belivaldo é um profundo conhecedor dos problemas de Sergipe, tem sensibilidade social para compreender as dificuldades de homens e mulheres, especialmente os do interior, e cultiva a paciência histórica – não confunda com acomodação, muito pelo contrário – com as transformações que Sergipe precisa passar e já tem começado a viver.A atuação de Belivaldo, vice, era mesmo reservada e tinha que ser assim por conta da chamada liturgia do cargo. Quando convocado a assumir, não rompe, em hipótese alguma, com os traços da gestão que o governador Déda; não mexe nas estruturas fundantes da política do Governo, comprometido em enterrar um passado absurdo de mazelas políticas e administrativas; mas ele estabelece seu estilo e entrega o Governo a Déda com um saldo político muito positivo para o próprio Governo.
Observe como é a história é fantástica pelo seu dinamismo. Não faz pouco tempo, Belivaldo era tido como carta fora do baralho da política eleitoral, no máximo, poderia voltar a ser deputado estadual. Caciques dividiam os cargos e a vaga de vice entrava nessa disputa. Mas diante da excelente atuação do Galeguinho de Simão Dias nesses tempos de interinidade, dificilmente ele poderá ser descartado. É uma carta forte do PSB, dos grupos mais fiéis de sustentação ao governo, e daqueles que desejam avançar com mais vigor nas mudanças em Sergipe.
Para o governador Déda existe a certeza de um aliado que todo chefe do Executivo queria: tranqüilo, sereno, comprometido com um novo tempo para Sergipe e que tem papel fundamental para o Governo e o governador. De carta praticamente fora do baralho nas disputadas de poder, Belivaldo reaparece do seu jeito, simples, mas com força do jogo para 2010 e para os próximos anos. É isso aí vice, governador.
*Cristian Góes é jornalista e hoje trabalha na Assessoria de Comunicação Institucional da Presidência do INSS, em Brasília. cristiangoes@infonet.com.br

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