Veja a íntegra do depoimento de Ana Carolina Cunha de Oliveira, 24 anos, mãe de Isabella Nardoni, 5, atirada pela janela do apartamento do pai, na zona norte da capital, no último dia 29:
'Comparece nesta Unidade Policial a declarante, informando que conheceu Alexandre Alves Nardoni, em dezembro de 1999, com o qual iniciou um namoro de três anos e seis meses, do qual resultou o nascimento da filha Isabella de Oliveira Nardoni, em 2002; que, antes do nascimento de Isabella, ficaram separados por dois meses, sendo que o principal motivo foram suspeitas de traições por parte de Alexandre, e que, após tal período, reataram e, em julho de 2001, engravidou de Isabella; que, durante a gestação, a declarante estava namorando com Alexandre, quando ele ingressou na Faculdade de Direito, oportunidade em que mencionou que tinha amigas de faculdade Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e outra cujo nome a declarante não lembra; que, Anna passou a ser presença constante na vida de Alexandre, mas tudo correu normalmente até o nascimento de Isabella em 18 de abril de 2002; que, após o nascimento da filha, continuaram o namoro por onze meses, separando-se no início de 2003; que, teve a certeza e convicção de que havia uma traição por parte de Alexandre e o namoro foi rompido; que, a declarante gostaria de deixar consignado que em uma festa ocorrida na casa de familiares dela, por motivos de somenos importância, Alexandre ficou ofendido com uma brincadeira feita a ele por um parente da declarante, sendo que Alexandre deixou o local e retornou mais tarde, já completamente transtornado, sem camisa, desejando brigar com todos; que, na época da separação definitiva, não foi discutido pensão alimentícia para a menina; que, Alexandre fazia visitas regulares à filha; que, após um ano e alguns meses, a declarante veio a saber por intermédio dos pais de Alexandre que o mesmo já estaria tendo um namoro sério com uma pessoa cujo nome desconhecia; que, Isabella tinha um ano e quatro meses, matriculou a mesma na escola, Alexandre não queria que ela fosse à escola e, quando soube, achando que a idéia era da mãe da declarante, ele foi até a casa dela para discutir com a sua mãe; que não estava em casa, e, quando chegou, ele estava na porta; que, Alexandre estava transtornado, dizendo que ia resolver isso, ele estava de moto, saiu por alguns instantes e retornou, dizendo que estava armado e que iria matar sua genitora; que, a declarante registrou um Boletim de Ocorrência sobre os fatos no 39 Distrito Policial - Vila Gustavo; que, Isabella permaneceu na escola; que, concordou nas férias que Isabella fosse passar cerca de uma semana no Guarujá com o pai, Anna Carolina e do filho do casal; que, Anna Carolina e Alexandre, antes da viagem, foram até a casa da declarante, ocasião em que a esposa de Alexandre quis que a declarante comentasse algo sobre o passado dela com Alexandre; que, durante a conversa, Anna Carolina demonstrava desequilíbrio, alterando a voz e, por momentos, chorava, que Alexandre a segurava pela cintura; que, a declarante pediu para que diminuísse o tom de voz, dizendo que se quisesse estariam juntos; que sua filha seguiu viagem e quando lá chegaram, recebeu um telefonema da irmã de Alexandre, Cristiane, proferindo à declarante palavras de baixo calão, dizendo que Anna Carolina, ao chegar lá, relatou que a declarante havia falado mal da família dele; que, pegou seu carro e foi até o Guarujá pegar sua filha. Que, lá chegando, foi atendida pela mãe de Alexandre; que, a irmã de Alexandre apareceu e houve uma conversa no local e aparentemente ficou tudo bem; que, foi procurada por Anna Carolina através de seu MSN; que, percebia que Anna Carolina queria aprofundar detalhes de sua relação com Alexandre, mas sempre desconversou; que, a declarante percebeu que a intenção da esposa de Alexandre seria criar um quadro negativo da imagem da declarante para depreciá-la junto à família dele; que, aproximadamente em 2004, a declarante ingressou uma Ação de Alimentos contra Alexandre e que houve por ele uma contestação dos valores, que acabou sendo regularizado; que, quer salientar que nunca houve a falta de pagamento da pensão; que, soube que no ano de 2005, acerca do nascimento do primeiro filho de Alexandre e depois de dois anos, já em 2007, soube do nascimento do segundo filho de nome Kauã; que, até este período não se lembra de nenhum entrevero entre ela e Alexandre; que, entretanto, em uma oportunidade, sua filha foi visitar o pai e ligou para a casa dele para conversar com Isabella; que, quem atendeu o telefone foi Alexandre e, em seguida, passou para a filha Isabella atender; que, após ter conversado com a menina, desligou; que, no decorrer daquela semana soube por intermédio da mãe de Alexandre, via fone, de que, após o telefonema acima mencionado, Anna Carolina teria se alterado em razão do telefonema da declarante à filha, por ciúmes, e que, na ocasião, estaria com o filho no colo, e teria jogado este sobre a cama, passando a agredir Alexandre; que, depois de tomar conhecimento desse evento, indagou a Isabella sobre os fatos, e esta relatou que pegou irmão no colo, que estava chorando; que, os pais de Alexandre foram chamados para apartar ou apaziguar os ânimos; que, todo e qualquer assunto que a mesma tivesse que tratar com Alexandre, este sempre recorria ao pai para solucioná-los, e então, por imposição de Alexandre, que se recusava a falar com a declarante, esta passou a tratar dos assuntos relacionados à filha com o pai dele; que, era evidente que todas as brigas de Anna Carolina com Alexandre eram por ciúmes exacerbado da declarante; que, nas visitas regulares de Isabella na casa do pai, a criança nunca relatou algum fato negativo; que, Isabella, após chegar das visitas feitas ao pai, por vezes apresentava mordidas e ela mencionava que o irmão Pietro lhe mordia e lhe dava beliscões; que, em uma oportunidade a mãe de Alexandre comentou com a declarante que o neto Pietro havia beliscado Isabella e o pai Alexandre teria ficado irritado com o menino, ergueu o filho a uma certa altura e o soltou no ar, caindo no chão; que, na quinta-feira dia 27 de março, Alexandre e Anna Carolina estiveram na casa da declarante por volta das 21h30, para retirar o filho Pietro, que brincava com Isabella na casa da declarante; que, na sexta-feira, Isabella pediu para que a declarante ligasse para Anna Carolina para passar o final de semana com o pai; que, então ligou para Anna e esta, próximo à hora do almoço, apanhou Isabella em sua residência; que, naquele dia à noite, conversou com Isabella, por volta das 17h30 ou 18h, e perguntou se a mesma estava bem; que, ela lhe respondeu que sim; que, no sábado ligou no celular de Anna Carolina e não foi atendida, não sabendo dizer para onde teriam ido no sábado à noite; que, por volta das 23h55, a declarante recebeu a ligação de Anna Carolina pelo celular, alteradíssima, gritando que Isabella havia caído, na Rua Santa Leocádia, explicando superficialmente o que havia ocorrido; que, mencionava que haviam jogado ela; que, a declarante respondia-lhe para fazer respiração boca-a-boca; que, a declarante estava próxima ao local e em instantes ali chegou e deparou-se com sua filha estendida no chão; que, acreditava que a filha estava viva, pois sentiu seu coração batendo; que, percebia à sua volta que Alexandre gritava que havia ladrão lá dentro, para que pegassem ele; que, Anna Carolina gritava descontrolada e proferia palavras de baixo calão uma atrás da outra; que, houve um momento que mandou ela calar a boca, pois não agüentava mais aquela gritaria por parte de Anna; que, neste momento, ele xingou a declarante, dizendo que estava fazendo tudo aquilo para a filha dela; que, a declarante não chegou a entrar no apartamento de Alexandre e que nunca esteve neste local; que, a declarante não soube dos fatos por Alexandre e nem por parente algum; que, no velório, ouviu a mãe de Alexandre mencionar que o filho não tinha culpa e que teriam que matar o bandido que praticou o crime; que, a declarante gostaria de enfatizar que, durante o velório, em um único contato que teve com Anna Carolina, recebeu dela um abraço inexpressivo, acompanhado da seguinte frase: "você nem ligou para a menina no sábado", percebendo a declarante uma frieza incomum e que Alexandre e Anna Carolina possam estar de alguma forma diretamente envolvidos no que aconteceu. Nada mais disse nem lhe foi perguntado'.(Diário de São Paulo)
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