"Sem medo da verdade."

sábado, 5 de abril de 2008

COMUNIDADE DE ITABAIANA VAI ÀS RUAS PEDIR PAZ

Treze assassinatos em pouco mais de três meses ou um por semana, a maioria com características de crimes de mando. Essa é a triste realidade da comunidade itabaianense, que cansada de assistir ao avanço da criminalidade no município parou na tarde de ontem em um ato pela paz, que reuniu milhares de pessoas. Vestidas de branco, com cartazes e fotos de vítimas da violência, elas cobraram mais ação da Secretaria de Segurança Pública (SSP) no combate à criminalidade. O comércio local também fechou as portas em um gesto de protesto contra a violência. A caminhada, que começou na avenida Otoniel Dória – em frente à FM Itabaiana – e terminou no calçadão da Airton Teles, aconteceu pouco mais de 24 horas depois que dois homens invadiram o Hospital Pedro Garcia Moreno e mataram a tiros o ex-presidiário Antônio Carlos Lima dos Santos, 23. O ex-presidiário estava hospitalizado vítima de uma tentativa de homicídio e aguardava na enfermaria o momento de ser submetido a uma cirurgia. Ele foi morto na presença de uma irmã. A ação ousada dos criminosos soou como um desafio à polícia e evidenciou a insegurança e o clima de terror e medo implantado nos últimos meses por motoqueiros. Os criminosos não têm encontrado dificuldades para agir a qualquer hora do dia ou da noite, na sede ou em povoados do município. “Não é possível que essa situação permaneça. Conheço a índole do povo de Itabaiana, que é trabalhador e empreendedor. Estão matando um por semana”, disse o deputado federal José Carlos Machado (DEM). Para o deputado, a não elucidação e punição dos autores dos assassinatos acaba passando a sensação de impunidade e favorecendo os marginais. “80% dos crimes estão sem solução. Não se encontra os culpados e isso estimula os criminosos, que têm a certeza da impunidade”. Machado cobrou do governo do Estado e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) um tratamento diferenciado para Itabaiana por ser uma cidade com um comércio pujante e de um povo empreendedor.

Impunidade “ O que a família quer é que os culpados sejam presos e entregues à Justiça para serem punidos”, disse Melquisedeque Santos, primo do desportista e sapateiro Antônio Francisco dos Santos, o “Tonho Cabaré”, morto no mês passado na praça João Pessoa, no Centro do município. Segundo ele, a polícia não dá nenhuma explicação para a família. “Perdemos um ente querido. A dor é grande”, disse, acrescentando que além disso os familiares têm de conviver com a incerteza e as especulações sobre o que aconteceu.Em entrevista a uma emissora de rádio da capital, o delegado regional de Itabaiana, João Martins, revelou que das 13 pessoas assassinadas na cidade 12 teriam algum tipo de envolvimento com crimes. De acordo com o delegado, a polícia tem se esforçado na elucidação dos casos. No entanto, ele lamentou a falta de efetivo policial, considerando como ponto positivo no combate ao crime o envio de cinco delegados para trabalhar na regional. “O delegado disse que as condições de trabalho dele estão aquém do crime. A segurança de Itabaiana não pode ser tratada como a de outras cidades de menor porte”, cobrou José Carlos Machado.(Jornal da Cidade)

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