As elites no Brasil já protagonisaram um emaranhado de jogos bancados pelo Estado brasileiro, com processo de acumulação em meio a um sistema desigual e perverso responsável pelo desvio de recursos públicos e pela miséria de uma gama enorme da população.
Quem não sabe ou mesmo nunca ouviu falar da famosa Indústria da Seca, na qual grupos políticos e econômicos se aproveitam do flagelo da seca em beneficio próprio? Como parte dessa engrenagem, como forma de garantir a perpetuação no poder, foi criado o voto de cabresto onde os recursos públicos direcionados para o combate à seca são desviados para compra de votos, preservando assim o coronelismo e o clientelismo.
Poderia até parecer cômico, se não fosse trágico, toda a mobilização das forças armadas brasileiras para a operação de guerra anunciada contra a dengue. É com a guerra contra o mosquito aedes aegipty que propiciam atividades as nossas briosas forças armadas.
No entanto, em meio a toda fragilidade na segurança das nossas fronteiras, o tráfico de drogas e armas corre solto pelo país afora.Tudo isso se assemelha com a Indústria da Seca. A classe política conhece formas de solucionar o problema, mas tem interesse na continuidade. Da mesma forma que a seca movimenta grupos políticos e diversos setores da economia, a Indústria da Dengue movimenta políticos dos mais diversos campos ideológicos. Movimenta também a indústria farmacêutica, de inseticida, repelente, hospitais, dentre outros que formam a cadeia da dengue.
A dengue já virou até piada. Numa determinada cidade, um prefeito que é fazendeiro, chegou a ordenar que não fosse registrada a redução da incidência de casos de dengue no município. Depois disse que, se soubesse que aquele mosquito dava tanto dinheiro já tinha deixado de criar gado a muito tempo.
Piada ou não, o certo é que enquanto houver alguém se beneficiando com esse “mal do século 21” não vai ter marinha, exército ou aeronáutica que derrote o aedes aegipty. Como o Estado brasileiro tem se mostrado incapaz de acabar com toda a cadeia que alimenta a corrupção e desvio do dinheiro público, de imediato deveria adotar medidas que evitem a morte do povo, mas nem isso está fazendo.
Antônio Góis, presidente da CUT/SE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário