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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PAI SERGIPANO BUSCA DESESPERADO FILHO NO JAPÃO DESAPARECIDO HÁ NOVE ANOS

José Gomes dos Santos mora em Nossa Senhora do Socorro, Região Metropolitana de Aracaju. Quem vê este homem simples nem imagina que a dor que carrega vem de bem longe. Essa história começa em 2001 na cidade de Salvador. Lá, José se apaixonou por uma turista japonesa. Naoko parecia ser a mulher dos sonhos.
“Nós viemos para Sergipe, casamos e ficamos três meses. Fomos para São Paulo, ficamos três meses e de lá fomos embora para o Japão”, conta o aposentado José Gomes dos Santos.
No outro lado do mundo, a primeira dificuldade foi a língua do país. A vida no Japão se complicou ainda mais pela falta de apoio da família da esposa. “Eu fiquei muito angustiado. Chegou o momento de querer pegar o avião para vir embora, mas não tinha condições”, disse o aposentado.
Nem mesmo a chegada de um filho aliviou a tensão. Até que um ano depois, com incentivo da mulher, ele voltou para o Brasil em busca de formação profissional. Nem imaginava que esse retorno seria o fim do casamento.
O tempo em que viveu no Japão José quer apagar da memória, mas as lembranças ainda são muito fortes, porque lá está o único o filho dele, que mora com a ex-mulher. Desde que voltou para o Brasil, ele não tem notícias do menino.
Do filho, hoje com 9 anos, José tem apenas fotos e doces lembranças. “Quando saí do Japão eu o deixei com seis meses de nascido. A partir desses 6 meses até hoje, com 9 anos, aqui no Brasil não sei se está vivo ou morto”, comentou.
José Gomes conta que consultou um advogado, mas sem dinheiro o processo não foi adiante. Desde então, ele se agarra a uma esperança que não diminui com os anos de angústia. “A saudade é grande e constante. É muita saudade. Enquanto eu não ver meu filho, eu não sossego”, afirma o aposentado.
'Nos deixem em paz', disse família no Japão
No Japão, o correspondente Roberto Kovalick tentou fazer contato com a ex-mulher de José. As esperanças são poucas para o brasileiro de rever o filho. A equipe de reportagem tentou falar com a ex-mulher de José, mas a família dela não quis conversa.
A família mora na cidade Toyama, no oeste do Japão, uma região onde vivem muitos brasileiros. A repórter Sílvia Kikuchi, da IPC-TV, afiliada da TV Globo no Japão, conversou por telefone com a avó do menino. Ela informou que a filha e o neto se mudaram para a mesma província, mas não quis dar o novo endereço. Sílvia insistiu dizendo que o pai queria rever o filho. Pediu ao menos uma foto, mas a avó foi inflexível. Encerrou a conversa dizendo: “Nos deixem em paz”, e desligou o telefone.
A esperança para José é que ele não está sozinho. Há dezenas de estrangeiros na mesma situação, entre eles 136 americanos que eram casados com japonesas. O Japão não é signatário da Convenção de Haia, de 1980, que impede que os filhos sejam levados ou mantidos à força no país de origem de um dos pais. E os tribunais japoneses quase sempre dão a custódia à mãe, raramente ao pai, ainda mais se for estrangeiro.
A pressão dos Estados Unidos e de outros países fez o governo japonês dizer no ano passado que pretende assinar a Convenção de Haia, mas não informou quando. Resta esperar que essa mobilização internacional dê resultado rápido
G1

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