"Sem medo da verdade."

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

OS CHUPA-CABRAS DA PÁTRIA

Não há nenhum álibi que justifique qualquer tolerância em relação a políticos vis: nem a estabilidade monetária, nem a tão decantada governabilidade, nem "razões de Estado", nem a hecatombe apocalíptica com o conseqüente fim do mundo. Nada! É questão de "vida ou morte" do Estado Brasileiro que expulsemos da vida pública os "chupa-cabras" da Pátria!
Para isto é imprescindível aplicar critérios seguros. E o critério fundamental que permite distinguir o Homem digno do calhorda é a averiguação de sua vida pregressa. Se cuidadosa a análise, é um critério infalível.
As diferenças mais evidentes que separam o Político do politicalho são de simples aferição. O Político tem consciência de que é servidor do povo e, portanto, deve, na medida do possível, atender aos anseios populares. Por esta razão, é democrático. Já o politiqueiro "acha" que é o dono do poder. E a partir dessa ótica, equivocada e hipócrita, desrespeita e menospreza os governados, e tenta impor, despoticamente, sua vontade pessoal, o que o leva a ser centralizador e arbitrário.
O Político trata a coisa pública com o maior cuidado, porque lida com o que pertence a todos. Ao invés, o politiquete descura de seu dever, porque não tem consciência do que seja "Bem Público".
O Político não mente: esforça-se para atender, sempre, às reivindicações públicas. Todavia, não sendo possível, diz logo "não". Tem consciência de que nem sempre pode aquiescer às expectativas populares. Ao contrário, o politicóide tem u´a máscara para cada situação. Procura "agradar" sempre, é farto em elogios, é falso, "pegajoso"... "nojento"...
O Político é um cumpridor da Lei, quando ela é justa. Se a lei é injusta, procura aperfeiçoá-la. Já o politicastro, megalomaníaco, tripudia sobre a lei, por princípio.
O Político defere; atende, de maneira impessoal, às reivindicações coletivas. O politicante... dá... como se do seu fosse!
O Político, como outros profissionais sérios, trabalha em silêncio; é parcimonioso, austero, discreto, simples, direto e dedicado. O politiqueiro, ao revés, é espalhafatoso, bufão, populista.
O Político sabe de suas qualidades e reconhece, publicamente, suas limitações. O politicalhão é "papudo", inoportuno, sem-educação, "sem-desconfiômetro", inescrupuloso, e pensa que "tem o rei na barriga".
O Político é leal. O politiqueiro, traidor. O Político não perde tempo com fuxicos e questiúnculas, preferindo empregar sua energia em causas relevantes. Já o politiquilho, como não tem capacidade para tratar de assuntos maiores, alimenta-se da podridão da intriga e da fofoca. E como é oco, vive de pose. Em geral, fala e não diz.
O Político não abre mão de seus princípios, e faz questão de torná-los públicos. O politiquete... simplesmente não tem princípios. Por isso, não se manifesta. No máximo, pergunta ou pondera somente com gestos. Ou então masca... resmunga... ou emite uns estranhos grunhidos guturais absolutamente ininteligíveis por humanos. Geralmente preenche o tempo "público" comendo e bebendo. Ninguém sabe o que ele pensa. Escuta muito, não se podendo, porém, saber se ele ouve.
O Político é altruísta: pensa primeiro nos outros. Contrariamente, o "politicanalha" é, além de egotista, egoísta: pensa só e sempre em si. É o tipo que se encosta onde possa tirar proveito. Mesmo que seja num espinheiro. Este tipo é deveras especial, sendo muito hábil no meneio de esgueirar-se e tendo a epiderme recoberta por uma como que vaselina biológica, o que o torna mais --liso-- que as pessoas normais. Leva vantagem em muito aspectos, porquanto entra e sai praticamente sem ser notado,cola o celular no ouvido fingindo estar conversando e sai de fininho para não dar atenção ao eleitor passando escorregadiamente por vãos muito estreitos, portas e janelas entreabertas e até por pequenos buracos em paredes, tetos etc. Aquela espécie de graxa da pele faz dele um agílimo contador de notas de dinheiro, tarefa de que se desincumbe com extrema facilidade, até mesmo no breu da noite. Sua ideologia -- tipologicamente definida -- é sempre a próxima vítima que possa devorar... sem nada lhe custar.
Arremedos de políticos os há dos mais variados estilos: os que pagam assessores para mandar cartões, flores ou "lembrancinhas", quase sempre com assinatura falsa; os que concedem votos de louvor ou de pesar; os freqüentadores "profissionais" de bares, cerimônias, boates ou quaisquer outros lugares (com ou sem convite) onde haja "massa", seu petisco predileto.
"Carpideiras" e assíduos acompanhantes de funerais constituem outro tipo curioso, por sem dúvida. Os que fazem cíclicas "visitas de cortesia" enxameiam os meios "políticos". Há também os que pagam contas alheias (em períodos restritos e bem definidos) e os que fazem congratulações públicas "esotéricas", isto é, que são entendidas somente por um pequeno grupo "fechado".
Alguns tipos sobressaem pela praticidade, por ex., os que cumprimentam aniversariantes desconhecidos por datas puxadas do computador ou "cavadas" nalgum banco de dados.
Muito comuns são os "políticos-cometas": os que aparecem de tantos em tantos anos.
Claro que nisso tudo impera a mais deslavada hipocrisia. Ocorre, porém, que "cada povo tem os políticos que merece", como dito e redito. Existem também os muito versáteis, que praticam tudo isso e ainda muito mais!
De modo geral, todos os tipos não-sérios elencados só falham num "detalhe": esquecem-se de cumprir com o dever inerente à função e da responsabilidade antes assumida.
No quadro posto, o que fica patente é que o povo sempre foi -- e continua sendo -- enganado, agredido e ludibriado em sua boa-fé, no mínimo pela maioria dos homens públicos brasileiros.
E os corruptos?, como aqueles -- muitíssimo comuns, aliás -- que compram ou vendem o voto e pagam ou recebem em cash? Bem, esses sequer cabem na categoria de políticos, mesmo ampliando-se ao máximo o conceito. Na verdade, são é criminosos. Porque corrupção é crime.
Por último, caberia indagar: Será o Brasil viável? Com a mais absoluta certeza, sim! Todavia, o processo de mudança somente terá início no tempo em que a Nação Brasileira sentir, introjetar, vivenciar emocionalmente o conceito de Política, e depois, intelectivamente, decidir-se por uma drástica reorientação no rumo da nossa História.
No momento, o que se nota é a apatia, o niilismo político. A energia nacional, por desorientação e/ou por violento desespero, está manifestando-se ao sabor do puro instinto, o que explica, por exemplo, o incremento da criminalidade.
A tensão social está inflando progressivamente, a olhos vistos. "Algo" de estranho e sintomático está começando a ebulir.
Doutro lado, a História confirma que a justiça social fatalmente se estabelece, mais dias, menos dias, no seio de toda e qualquer nação. É simples questão de tempo; porque nenhum povo suporta, para sempre, tensão social crescentemente violenta: "uma" solução "explode".
Calha, pois, deixar postas as seguintes indagações: 01. Como, quando e por quais métodos e instrumentos conquistaremos, efetivamente, a nossa Democracia econômico-social? 02. Não seria menos traumático e, pois, bem mais prudente, sensato, judicioso e, sobretudo, humano que no processo de construção da nossa Democracia a iniciativa partisse dos próprios titulares dos três Poderes governamentais (de todas as esferas), é dizer, dos políticos em geral???
VALTER TINTI. advogado e professor de Direito Constitucional na Universidade Paulista - Campus de Araçatuba (SP)

Nenhum comentário: