"Sem medo da verdade."

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DEMOCRACIA VIGIADA

Políticos são pessoas especiais> porque representam milhares de outras. Milhares votaram neles porque esperavam ser bem representadas. Alguém falaria por elas. Mas toda democracia precisa ser vigiada. Todo governo precisa de oposição porque o poder e o acesso ao dinheiro corrompe. Ninguém é tão puro e ilibado que jamais prevaricaria. Vigiar os políticos é um dever do povo e aceitar ser vigiado é ato de humildade do político. Toda oposição também precisa ser vigiada. Às vezes o político na oposição se excede. Seu desejo de governar pode leva-lo a mentiras e crueldades e até vilanias. É melhor que tenha provas sólidas, se quiser tirar alguém do poder.
Indivíduos pegos em mentira ou corrupção, pesada ou leve, percam seu lugar no parlamento ou no governo. E se o governo inteiro, ou maioria dos ministros prevaricarem convoquem-se novas eleições. Supondo que os juízes não prevaricam,- e já vimos que alguns também se desviam- devem os juízes que sobraram e têm ficha limpa, comandar o país até que o povo escolha outro governante. Uma democracia que se preze supõe esta vigilância. Estão lá porque foram eleitos e, se não foram porque são funcionários de carreira, estão lá para representar um povo e obedecer e aplicar as leis que, boas ou más, existem e pedem aperfeiçoamento constante.
Res Publica > Aprendemos com os Res Publica de Platão e com Utopia de Thomas Morus que, em política, o governo deve ter liberdade para governar, mas deve ser vigiado para não governar de maneira errática e sectária. Os príncipes maquiavélicos sejam depostos. Não vale qualquer coisa para chegar ou para ficar no poder. Se for governo, será para todos e não apenas para os membros do partido eleito. Escolham bons técnicos nem que sejam de outras convicções. Escolher um incompetente só por ser correligionário é atestado de burrice ou de malícia do governante. Seja este governante declarado incapaz tanto quanto os que ele nomeou.
O Congresso> Quem deve controlar o governo é o Congresso. Estes políticos eleitos para fazer leis, por sua vez formam um poder que deve ser controlado, para que não exorbite da sua função de legislar. O Governo pode se negar a executar uma lei do Congresso, por falta de verbas para executá-la. Um país precisa de contenção de despesas. E político pensa mais nos votos de amanhã e na sua região do que no país. O Governo precisa pensar em todos. A maioria dos políticos tem horizonte mais estreito!
Imprensa> Os políticos precisam ser vigiados pela imprensa, pelas igrejas e por outras entidades não políticas, mas cidadãs. Também estas entidades precisam ser vigiadas de perto, porque nem todas pensam no país. Algumas são “caixa dois” de algum áulico mal intencionado. Também igrejas prevaricam. Eleitos pelos fiéis acabam votando mais por verbas e concessões do que por princípios. Sejam transparentes nas suas contas.
Religião > É importante ouvir as religiões, os juízes, a organização dos advogados, os grupos organizados em torno das carências, da fé e dos anseios do povo. Ouçam também os grandes e pequenos empresários. O Governo quase nunca é bom empresário. Pressionado pelos políticos e partidos, acaba contratando gente inapta e pagando mais do que deve. E leve-se em conta que muitas obras custam duas ou cinco vezes mais do que o preço de mercado, porque políticos corruptos mancomunados com marginais de gravata trabalham com altas propinas.
Mau patrão > Em geral, o Governo é mau patrão e mau pagador. Se ele vigia os empresários para que não paguem mal, convém vigiar os partidos, os sindicatos e o Governo para que também não abuse do dinheiro do povo.
Maquiavel > Acontece que, mesmo sem ter lido Maquiavel, estes homens são maquiavélicos. Sabem onde está o dinheiro e como consegui-lo por meios escusos. Quando pilhados por jornalistas e promotores, que também são espertos e, se preciso, sabem ser maquiavélicos para conseguir a informação, esperneiam, ameaçam processar, juram inocência, garantem que não sabiam, e, não podendo mais explicar aquela corrupção, vão para casa esperar mais oito anos para voltar como anjinhos. Mas, como a corrupção é vírus , alguns voltam a prevaricar.
Organismos vivos> A democracia é composta de organismos vivos, cada qual dentro do seu setor exercendo a sua função com respeito e dignidade. Deveria ser! Cabe a estes organismos dar apoio ao que é bom e criticar o que não é bom. Se podem criticar as igrejas e o Governo, critiquem também os juízes, mas os juízes bons sejam respeitados, porque um país sem juízes acaba um país sem juízo. Os juízes, contudo, precisam ouvir a sociedade e tirar do seu meio os indignos.
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Poder demais > Alguns políticos que se perpetuam no poder tornam-se uma pústula. Onde estiverem, contaminarão o resto. Deveriam ir embora depois de alguns anos, para servir em outras áreas. Uma boa democracia deveria proibir mais de três mandatos, sem chance de reeleição para presidente, senador ou deputado. Político há quarenta anos no governo toma gosto pelo poder. Esquecerá a democracia e porá sua família e seus amigos no poder.
Democracia infiltrada> Quando a democracia é infiltrada por corruptos e ditadores, a nação perde o respeito por si mesma. Acabando o respeito é bem provável que o dinheiro será mal empregado e cairá nos bolsos de pessoas desonestas, incompetentes e totalmente incapazes de estar lá onde estão. Porque uma verdadeira democracia se faz com vigilância perpétua, na qual elege-se e confia-se desconfiando de todos. Se os eleitos mostrarem serviço, sejam elogiados. Em última análise, quem tem o poder é o povo, porque ele tem uma arma chamada voto. Em alguns casos seu voto deve funcionar como veto!
Ensinar a votar > Mas é preciso também ensinar o mesmo povo a votar, a fim de que, outra vez, não seja manipulado pelas oligarquias ou ideologias, ou religiões que se utilizam do voto de cabresto. De um modo ou de outro, muitos grupos praticam voto de cabresto. Vote no sinhozinho, vote só na esquerda, vote só na direita, vote só em candidato da nossa igreja. Isso tudo é cabresto. A mera expressão “vote” já é antidemocrática, porque imperativa. Seria mais democrático se viesse precedida de um verbo que não denotasse imposição.
Escolher o melhor > Que o povo aprenda escolher o melhor, mesmo que não seja o da sua igreja; o melhor, mesmo que não seja o do seu partido; o melhor, mesmo que não seja da sua região e, principalmente, que não seja secretário do coronel. A construção da democracia exige um projeto de muitas fases, e todas elas precisam ser respeitadas. É como a construção de uma enorme usina hidroelétrica: qualquer falha séria, qualquer rachadura numa das fazes comprometerá a energia e a luz futura.
O dique > Num mundo de muitas e pesadas águas o dique da democracia deve ser capaz de contê-las e fazer bom uso delas. Mas não pode haver fissuras. Vigiemos quem, de uma forma ou de outra, decide o futuro da nação, o presente e o futuro. Se qualquer um desses organismos tiver fissuras, as paredes da democracia vazarão e a ruína será irreparável. Fiquemos atentos a irresponsáveis e picaretas furando e cavando em lugares perigosos.
Ainda uma ultima palavra > Vigiemos também a imprensa para que, em nome da liberdade, não sirva a interesses escusos. Que os jornalistas sejam livres para escrever, mas os caluniadores sejam severamente punidos, posto que a imprensa é uma arma de grosso calibre. Às vezes, estraçalha carreiras e nomes de inocentes. Assim como os homens de mídia se acham no dever de vigiar quem governa, o povo todo deve vigiar quem dá as notícias. Se forem falsas, haja mecanismos para puni-los já na próxima edição. Que tenham três dias para mostrar que as provas colhidas são verdadeiras. A mídia também não está acima da lei. Um jornalista que extrapola equivale a um político que desvia dinheiro. O desvio da verdade corrompe até mais do que o desvio de verbas. Vigiem-se os políticos de voto pago. Vigiem-se os jornalistas de matéria paga! Sejam livres, mas assumam o que dizem…
POR PADRE ZEZINHO

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