"Sem medo da verdade."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O PAPEL POLÍTICO DAS REDES SOCIAIS

A campanha de Barak Obama à presidência dos Estados Unidos da América, em 2008, mostrou para o mundo que uma importante ferramenta de ação política estava em gestação.
Por meio da internet, milhões de pessoas que até então não tinham tido nenhum contato, começaram a defender, online, as propostas políticas de Obama.
Não é preciso enfatizar aqui a importância da internet para a eleição do primeiro presidente negro dos EUA.
Passados pouco mais de três anos da histórica eleição americana, a importância das redes sociais cresceu enormemente.
É cada vez maior o contingente de pessoas que se comunica por meio do Facebook, Twitter, Orkut, My Space, Chats, Emails, Blogs entre outras novidades que permitem bate-papo entre grupos de internautas e trocas de textos e fotos instantaneamente, por um custo relativamente barato se comparado com as mídias tradicionais.
Nenhum continente está livre da força da internet e das redes sociais. Isso representa um avanço muito importante para a humanidade. É um passo muito representativo que, no futuro, pode permitir algumas práticas da chamada democracia direta. Com um toque no teclado o cidadão pode aprovar ou não uma nova lei. Ou eleger seu representante no parlamento ou em outra esfera de representação popular.
Assim, qualquer iniciativa, mesmo que localizada, de tentar deter a expansão desse espaço de interação social e lazer está fadada ao fracasso.
Os exemplos são muitos. Basta ver o papel que as redes sociais vem cumprindo nas mobilizações políticas da Europa, do Oriente Médio, na America do Sul e da África.
Um exemplo recente, aqui mesmo no Brasil, foi a Marcha Contra a Corrupção, no Sete de Setembro, organizada supra-partidariamente pelas redes sociais.
Agora, por outro lado, mesmo reconhecendo a importância das redes sociais, não acho petulante discutir se as elas estão majoritariamente engajadas no trabalho político que permita criar um mundo melhor. Com democracia e justiça social.
Essa deve ser uma preocupação importante não para dirigir esse movimento, até porque ninguém consegue, mas para usar toda a sua energia e experiência para o bem comum. Para criar o novo.
Estou entre aqueles que lutam para que as redes sociais aprofundem ainda mais o debate político propriamente dito. Até porque elas, na prática, cada vez mais estão atuando como partidos políticos.
O italiano Antonio Gramsci, velho militante das causas culturais, diz que um partido político pode ser um grupo de pessoas que se reúnem em torno de uma causa.
Nessa perspectiva as redes sociais são também agremiações políticas. Elas elegem causas para lutar.
Trago essa questão ao debate porque acompanho algumas lutas que os internautas estão travando. Nelas, no geral, sinto a falta de um toque da ciência política para calibrar melhor as suas ações.
Ademais, vejo no horizonte as redes sociais e os partidos políticos trabalhando juntos, embora cada um mantendo suas especificidades e formas de luta.
Isso, claro, até o dia em que outras formas de representação política forem criadas. Ou, quem sabe, as redes sociais substituírem os partidos políticos como conhecemos hoje. Tudo é possível para os homens.

Eronildo Barbosa - Doutor em Educação e Professor Universitário

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