"Sem medo da verdade."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Não subestime a capacidade do ciúme nas relações políticas. Como fica Zé Carlos Machado na possível aliança de Luciano e Olivier?

Todo político teme perder. Seja o próprio poder ou mesmo um debate, uma oportunidade, uma eleição, seus aliados e assessores. E como fica Zé Carlos Machado nessa tentativa de aliança de PT de Itabaiana com Luciano Bispo e uma possível aproximação de Luciano com Déda ? O bom senso diz que não é bom ultrapassar a fronteira da sua confiança ou os problemas serão muitos - e quase sempre irreversíveis.

Os mundos da política e da vida privada são muito diferentes entre si, mas mantêm indiscutível relação. Que não se resume a transferir automaticamente um padrão de comportamento, na sua integralidade e pureza, de uma esfera para a outra: alguma modificação sempre ocorre, seja para alterar significados, inverter efeitos ou até preservar características. O ambiente do jogo do poder é sempre muito disputado e atraente para quem é populista e detentor de uma grande fatia de votos do eleitorado.
Na política, um dos sentimentos mais fortes com o qual tem que se lidar é o ciúme. O político é um ser competitivo, ambicioso, aquisitivo e treinado para a luta. Inevitavelmente insatisfeito e inseguro, ama, odeia, esquece, despreza, bajula, briga e reconcilia-se com enorme facilidade e freqüência. Acima de tudo, é territorial e possessivo: defende seu espaço (num amplo sentido, como tudo o que considera seu) aguerridamente e desenvolve extremo apego às pessoas que trabalham junto dele e também a seus apoiadores. Seu ambiente de atividade é naturalmente disputado. Assim como quer ampliar seu patrimônio político, os concorrentes também o querem. E só há uma maneira de multiplicar esses bens: atraindo os eleitores dos adversários. Nesse meio carregado de incertezas e inseguranças, no qual os apoios e alinhamentos são acertados pela palavra - sempre uma frágil garantia - a competição é permanente e incessante. Só que nesse jogo predatório do poder existe uma equação que deve ser pensada. Estará sendo vantajoso politicamente atrair antigos adversários do PT e desprezar aliados, como no caso do ex deputado Zé Carlos Machado e seu genro Carlos Eloy ? E ainda para completar o pano de fundo de colorido paroquial, que subterfúgio o alcaide municipal dirá em campanha eleitoral para camuflar pro eleitor que carrega nas costas uma administração desastrosa, anacrônica, provinciana e obsoleta como essa que está aí do Sr, Luciano Bispo? Pela opinião pública está sendo o pior de todos os mandatos dele como gestor municipal. Machado sempre apoiou logisticamente Luciano Bispo e também o apoiando  em várias esferas do poder, e colocando sua emissora de rádio a serviço do marketing eleitoral lucianista , inclusive indicando a Dra. Lourdes Machado como sua atual vice-prefeita. É bom lembrar que Luciano Bispo só gosta dos seus vices até o dia da eleição. Até o salário dos vices ao longo de sua trajetória como prefeito está provado que  ele detestou pagar os vencimentos. Mas por status do cargo tem gente que pretende a vaga de vice  e não vai se  incomodar de ficar  sem receber salários. 
Como não pode saber, com segurança, a extensão das perdas e traições que ocorrem na sua base de apoio, o político torna-se uma pessoa de exacerbada sensibilidade com sua imagem e os sinais de perigo. Dentre estes, talvez o mais assustador seja o que diz respeito à lealdade de auxiliares e apoiadores. Nenhum princípio é mais valioso para um político do que esse. Havendo lealdade, tudo é perdoado. Inexistindo, nada é tolerado. O sentimento que vigia a lealdade é o ciúme, um sentinela ativo e sofisticado do comportamento do colaborador ou da pessoa adorada. Ele desenvolve técnicas de observação sutis, capazes de identificar qualquer afastamento, por mínimo que seja, do padrão esperado e previsto. Emprega testes dissimulados para avaliar a consistência da lealdade. Exige explicações detalhadas para fatos e atitudes que deixaram dúvida. Possui alvos classificados como perigosos (pessoas com as quais o auxiliar poderia tramar e trair sua confiança) e a qualquer momento pode incluir outros tipos potencialmente perigosos. Nenhum princípio é mais valioso para um político do que a lealdade, sempre vigiada de perto pelo ciúme. A presença do vereador Olivier Chagas, ex aliado do grupo Teles de Mendonça, e agora aliado no agrupamento de Luciano Bispo, está causando uma ciumeira medonha nos asseclas do agrupamento Lucianista, inclusive empresários e vereadores  que  também pleiteiam também a vaga de vice na disputa eleitoral. Alguns analistas políticos dizem que com a aprovação da lei da Ficha Limpa no STF  e Olivier sendo eleito vice prefeito de Luciano Bispo , os objetivos e os caminhos  políticos pretendidos por Olivier para chegar ao cargo de prefeito  ficam mais fáceis de serem alcançados. É o xadrez da política. Quem trabalha com um político percebe o quanto o ciúme ocupa a sua mente e orienta a sua observação. Períodos eleitorais, então, são momentos críticos, nos quais esta preocupação acentua-se. O ciúme depende sempre da existência de um triângulo cujos elementos são sempre os mesmos: uma relação de lealdade que une duas pessoas e um competidor que pretende atrair para si o colaborador que não participa da disputa direta. Quem trabalha com um político jamais deve subestimar a força e o poder do ciúme nas relações com seu chefe. Acostumado a presenciar traições, o político dificilmente desenvolve uma confiança absoluta e irrestrita nos outros. O tempo passa, as pessoas mudam e o risco está sempre presente. Por outro lado, fazer política é envolver-se numa ação coletiva e competitiva. Portanto, não é possível ter sucesso sem pelo menos tentar confiar nos novos aliados do PT, amigos, auxiliares e apoiadores. É em meio a esses dois pólos que navega a psicologia do político. E entre a necessidade de confiar e o risco de confiar, vence a primeira. Em conseqüência, aquela sensibilidade intensifica-se-se sob a forma de ciúme para vigiar a lealdade. E para Zé Carlos Machado que também é um político sereno, astuto, perspicaz e inteligente fica a observar os acontecimentos. Como dizia o cantor Zé Geraldo “ ... Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça dando milho aos pombos..
POR JOELMO BETTON

Nenhum comentário: