"Sem medo da verdade."

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A ARTE DE ENGANAR O ELEITOR‏

Antigamente, quando o mundo era mais ingênuo, a propaganda anunciava somente as qualidades do seu produto. O sabão era bom porque lavava mais branco. A geladeira era a melhor porque, além de gelar bem, era a mais econômica e durava mais. A roupa era boa porque era resistente e mais fácil de passar. O jornal era o melhor porque era o mais objetivo, tinha a melhor diagramação e uma excelente equipe de colunistas.

Hoje já não se vende um produto pelas qualidades intrínsecas dele. A propaganda se especializou em vender sonhos. A pessoa torna-se cliente de um banco não porque as suas taxas são mais baratas, seu atendimento é mais rápido e menos burocrático, mas porque é o banco “feito para você”. Você não compra um sabão em pó, você consome “o branco que devolve a alegria da infância”. Você não toma um simples refrigerante, você experimenta “uma nova sensação”. A sua pasta de dente não é escolhida pela sua eficácia, mas porque “é o gosto da vitória”.

Que a política é a arte de enganar, já sabemos. Os políticos e seus marqueteiros manipulam as emoções das pessoas,seus desejos mais íntimos,com o único objetivo de chegar ao poder. Quanto mais limitada intelectualmente for a população,mais a emoção funcionará na hora de pedir votos. Por isso,no Brasil,a ferramenta mais eficaz da campanha é a manipulação das emoções. Pelo menos, 70% dos nossos eleitores não tem o ensino médio; eles são o alvo preferido dos marqueteiros, pois são mais influenciáveis e agem mais com o coração que com a razão. Mostrar as dificuldades do município ,com cartilhas de promessas ,estudos técnicos, discutir soluções e apresentar planos de governo, alguns antipáticos,embora necessários ,nem sempre funcionam. Então, apostemos nas emoções e sua maior máquina: a TV e o Rádio; um discurso emocionado, flamejante, igual a Fernando Collor então candidato a Presidente da República que a época se dizia caçador de marajás, cheio de promessas ,heróico e populista. Populismo é a fórmula mais eficaz de se ganhar votos no Brasil. Mas, não é apenas emoção; Temos que acrescentar alguma coisa racional,também ;um candidato a prefeito percebe que o povo deseja ter casa própria; então,dirigirá sua campanha para esse tema, mesmo que não cumpra um terço do prometido. Se os eleitores sinalizarem que desejam acabar com a corrupção, haja diatribes contra os corruptos; ele não,ele tem as mãos limpas:nunca as tirou de dentro do bolso. Como os orçamentos públicos estão aquém das necessidades, os candidatos são aconselhados a prometer, sem mostrar de onde vão tirar recursos.

Em anos eleitorais, muitos candidatos saem dos seus partidos muito bem retocados pela propaganda. Todos são apresentados como príncipes encantados, mas muitos, quando receberem o beijo do seu voto, se transformarão em sapos matreiros. Aí, será tarde demais, e o nosso povo irá pro brejo mais uma vez.

Outra estratégia usada para impressionar o povo é a bajulação. Candidato bajula e gosta de ser bajulado. Gosta de ser bajulado por empreiteiros, comerciantes, donos de imóveis, prestadores de serviços e lá no fim da fila ficam os jagunços e as concubinas. E o candidato no ato de bajulador, ele beija criancinhas, toma café nas casas, come nas feiras, elogia as pessoas, e assim muita gente se sente importante. Ele sabe que muitos não conseguem enxergar interesses suspeitos por trás de cortesias aparentes. Mas o golpe de mestre é dado demonstrando honestidade e ética . Com um discurso piedoso, ele consegue votos de pessoas que pensavam colocar no poder alguém comprometido com o seu povo. É muito fácil ser iludido pela propaganda. Como acontece hoje, com as promessas de candidatos a prefeitos que estão tão comprometidos com o povo igual uma raposa está comprometida com segurança, quando a raposa é posta para vigiar um galinheiro.

POR HÉLIO DUTRA

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