"Sem medo da verdade."

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

DEPOIMENTO DE ALEMÃO

Floro ameaçou matar filho de juíza se ela não soltasse dois pistoleiros em Aracaju

O pistoleiro Antônio Medeiros, conhecido por Alemão, contou com riqueza de detalhes, na manhã desta quarta-feira, perante a juíza Iolanda Guimarães, da Quinta Vara Criminal, e o promotor de Justiça Augusto César de Resende Leite, alguns assassinatos praticados em Sergipe, a mando do foragido Floro Calheiros.
Alem disso, traçou um perfil da personalidade de Floro. Disse que ele er
a um homem muito frio, manso e que planejava tudo com uma certa antecedência. Adiantou que Floro Calheiros vinha sempre a Aracaju e se mantinha informado do que acontecia em Sergipe, principalmente em Canindé de São Francisco. Alemão confirmou tudo sobre o crime de Joaldo Barbosa, ocorrido em janeiro de 2003, em sua residência, na praia de Atalaia. Confirmou a participação de todos que foram condenados como executores do parlamentar e disse que a morte do parlamentar se deu por questões políticas e a empréstimo que não foi pago. Alemão garante que não participou do crime de Joaldo e disse que nunca ouviu falar no ex-deputado Antônio Francisco, no ex-vereador Antônio Francisco Júnior, tidos como mandantes, e nem em Dorgival. Acrescentou que ouviu uma conversa entre Floro Calheiros e Marcos Munganga, sobre a execução do ex-parlamentar.

O pistoleiro Alemão também contou que o foragido Floro Calheiros assassinou um dos seus seguranças, chamado Josualdo, no quarto de um hotel em Aracaju, onde se encontrava com a namorada. Segundo ele, Josualdo era ligado ao ex-prefeito de Canindé do São Francisco, Genivaldo Galindo e teria perdido a confiança de Floro. A morte fora queima de arquivo. Segundo ainda Alemão, em seu depoimento, Floro Calheiros mata todos os seus homens de confiança, após trabalhar com ele alguns meses ou anos, “como queima de arquivo”. O motorista Alexandro, que se encontra preso, confirmou esse seu estilo. Alemão disse até onde ele joga os cadáveres: em uma cisterna, numa propriedade que tinha em Teixeira de Freitas.
Motinha – Ainda em seu depoimento, o pistoleiro Alemão contou detalhes do assassinato planejado por Floro Calheiros, do agiota João Vieira da Mota (Motinha), ocorrido em um banheiro do bar Paraty, na praia do Robalo (rodovia José Sarney). Segundo Alemão, ficou acertado que o próprio Floro mataria o agiota Motinha, com uma pistola automática 380, mas não foi possível, porque ele (Floro) sentou-se à mesma mesa do morto.
Ao lada de Motinha estavam a mulher, uma filha, e um outro casal. O rapaz era o filho da então juíza de direito Célia Pinheiro, que não se encontrava no local, como informou ontem o FAXAJU ONLINE. Como Motinha ia constantemente ao banheiro, houve dificuldade para Floro acompanhá-lo e a missão de assassiná-lo coube aos pistoleiros Roque, que deu dois tiros, e a Zé, que fez vários disparos em Motinha. O bandido Dielson ficou apenas vigiando o local.
Alemão detalhou até como ficaram postas as mesas à beira mar do bar Paraty, com o objetivo de cercar e assassinar o agiota Motinha. Os pistoleiros Edmeire e Zé conversavam em uma mesa, e Roque, Dielson e Zé estavam em outra. Floro ficou com o grupo de “amigos”. Quando Motinha voltou ao banheiro e Floro se viu impedido de executá-lo, fez o sinal para os três pistoleiros ao lado, que o acompanharam e praticaram o crime. Alemão disse que havia duas versões para o assassinato de Motinha: uma era por dinheiro. A outra, por ciúme.


Ameaça – Em seu depoimento na Quinta Vara Criminal, o pistoleiro Alemão revelou que depois de consumado o assassinato de Motinha, os pistoleiros Dielson e Zé fugiram em uma carro Fiat vermelho. Floro Calheiros, ao lado de Edmeire e Sídney foram, em um Vectra, para o Instituto Médico Legal (IML). Floro desceu para ver o corpo e, nesse momento, os dois que ficaram no carro foram presos como suspeitos, porque encontraram armas de grosso calibre no porta-malas.
Floro Calheiros conseguiu deixar o local sem problemas e foi para um lugar que o pistoleiro Alemão não identificou. De onde estava, Floro ligou para a mulher – Paulina – e pediu que ela ligasse para a então juíza Célia Pinheiro, para exigir que “ela soltasse os meninos”. E, segundo Alemão, Floro teria feito a ameaça: “se não soltar, mato um dos seus filhos e entrego a cabeçana bandeja”. Depois de meia hora os dois pistoleiros foram soltos.
Alemão também falou sobre a fuga de Floro Calheiros da Terceira Delegacia em Aracaju. Disse que quando ele foi preso um dos seus “laranjas”, conhecido por Moisés, que residia em Teixeira de Freitas, queria vir resgatá-lo, mas não foi necessário. Floro deixou a cadeia três meses depois, pela porta da frente da delegacia e foi levado pelo motorista de nome Silvano.”Os parentes de Floro sabiam e o esperavam”, disse Alemão, confirmando que ele pagou R$ 300 mil pela fuga, parte dessa quantia em notas falsas. Alemão insistiu no depoimento que Genivaldo Galindo não mandou matar o radialista Cazuza: “quem o fez foi Floro Calheiros e pagou R$ 5 mil a Zé Rodolfo”.

Outro detalhe do depoimento de Alemão: “Floro comprava armas na fronteira com a Bolívia”. Apesar da riqueza de detalhes dos crimes e de conhecimento da vida de Floro Calheiros, o pistoleiro Alemão disse que não participou de nenhum dos crimes citados.

(Fonte FAXAJU)

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