O detento Alessandro de Souza Cavalcante, conhecido por Billy, que foi preso em Petrolina e confessou participação no atentado ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Luiz Mendonça, disse em depoimento ao delegado Gilberto Guimarães, na sala do Segundo Cartório de Investigação, que foi torturado por policiais para relatar onde se encontrava Floro Calheiros e que havia participado do atentado ao desembargador.
Segundo Billy o seu dedo indicador da mão esquerda foi decepado, além de levar dois tiros no pé esquerdo, além de choques, asfixia com um saco de plástico colocado em sua cabeça e pauladas nas costas. Está no depoimento: “tendo o interrogado desmaiado por cerca de 03 três vezes. Em seguida, por o interrogado não falar o que os policiais queriam, que era a informação acerca do paradeiro do foragido Floro Calheiros, deram-lhe o primeiro tiro no pé. Que também os policiais queriam que o interrogado assumisse a autoria do atentado”. Billy relata, em seu depoimento ao delegado Gilberto Guimarães, que não sabe quantos policiais havia, porque estava encapuzado. Sobre a forma de deceparem o seu dedo, contou que “o indicador da mãe esquerda foi colocado sob uma superfície rígida e decepado parcialmente, “acreditando ser por uma faca. Que cerca de meia hora depois, já era noite, quando os policiais efetuaram mais um tiro no pé esquerdo do interrogado”. Segundo ainda o detento Billy, “os policiais a todo instante recebiam ligações” e que oi submetido a mais uma sessão de asfixia com o emprego de sacola, “oportunidade em que recebeu algumas perfurações com instrumento cortante em suas costas e que sofreu agressões em seu rosto, do tipo socos, tapas e pauladas”. Segundo ainda relato do preso no depoimento, “depois de tanto sofrimento o interrogado resolveu inventar uma informação para levar os policiais até uma residência, indicando que naquele local, na cidade de Petrolina, estaria escondido Floro Calheiros, o que de fato não era verdade”. Billy diz ainda em seu depoimento que depois dos policiais constatarem que ele passou uma informação erra, voltaram a torturá-lo no interior do veículo, “desta feita com um pé-de-cabra, batendo na parte de trás de sua cabeça”.
Ação do advogado – O advogado Fernando Muniz (de Pernambuco) está em Aracaju e faz a defesa de Alessandro Cavalcante (Billy), disse que vai levar o depoimento do seu cliente ao Ministério Público, para que seja investigado tudo o que fora narrado em seu segundo depoimento. Segundo o advogado, o delegado Gilberto Guimarães informou que iria investigar tudo o que fora narrado por Billy, para tomar as providências que o caso requer. Contou ao advogado que tem 31 anos de Polícia e nunca viu essa prática. Os demais delegados do processo também disseram que vão apurar o que fora relatado. Fernando Muniz diz que a “a vida do preso não difere da vida de ninguém” a lembrou que depois de preso, o Billy estava sob custódia do Estado, que deveria prendê-lo, fazer imediato corpo delito para que a própria Polícia fosse eximida de agressões e torturas: “a condenação é privativa da liberdade. Não é física”. O advogado diz que no dia 30 de novembro foi solicitado o exame de corpo delito, mas só veio a ocorrer no dia 03 de dezembro. Acrescenta que como o fato aconteceu em Petrolina, vai abrir um inquérito policial lá: “Billy não foi levado a nenhum Delegacia na cidade em que foi detido e também não foi levado a um hospital para atendimento dos tiros no pé e do dedo decepado”. Fernando Muniz ainda vai denunciar o fato à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e aos setores de defesa dos Direitos Humanos. Acrescenta que todas as fotos do preso foram tiradas no gabinete do delegado Gilberto Guimarães.
João Eloy – O secretário da Segurança, João Eloy, recebeu a reportagem do Faxaju Online, que lhe deu ciência do ocorrido e lhe entregou todas as fotos em que Billy mostrava o dedo decepado, o pé com dois tiros e ferimentos nas costas. Eloy mostrou-se indignado: “a ordem era para prendê-los e trazê-los vivos”, disse. De imediato, o secretário telefonou para a Corregedoria de Polícia e pediu providências para apurar o que estava sendo denunciado pelo preso, inclusive através das fotos. Eloy agradeceu o gesto do Faxaju Online, admitindo que a notícia tem que ser dada com responsabilidade, desde que todos os dados estejam corretos O secretário João Eloy disse ainda que se o foragido Floro Calheiros quiser se entregar, basta anunciar onde se encontra que ele vai pessoalmente ao local para lhe dar garantias de que nada será tentado contra a sua vida.
* Faxaju
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