No Brasil como ninguém é de
“extrema-direita”, também não existe mais um partido de “extrema-
esquerda”, pelo menos em atuação no Congresso. Mas, no mundo político
real de outros países democráticos, há distinção clara entre “direita” e
“extrema-direita”, e entre “esquerda” e “extrema-esquerda”.
Esquerda seriam Michelle Bachelet, do
Chile; o governo espanhol de Zapatero; Lionel Jospin, o premier que
antecedeu Sarkozy na França. Já Hugo Chávez, a ditadura , ou mesmo as
Farc da Colômbia, deveriam ser classificados como de “extrema-
esquerda”, mas são jogados todos no mesmo balaio de gato da “esquerda”
mundial, no máximo tratados como “vegetarianos” e “carnívoros”, uma
maneira sutil de tocar em suas tendências sem ser politicamente
incorreto.
Essas reflexões do jornalista José
Gorayeb, que ressalta que, dos anos 1960 aos 1980, e até recentemente,
nos anos 1990, a imprensa brasileira fazia essa distinção muito
claramente: referia-se a regimes, partidos ou correntes “de
extrema-esquerda”.
Assim eram referidos o MR- 8, o PCdoB,
a Libelu e o MEP, entre outros. Talvez porque, no Brasil sob o regime
militar, a luta armada era claramente mencionada como ação e ideologia
de extrema-esquerda, em contraposição à “esquerda” ideológica, ou seja, o
MDB e o PCB, que defendiam a luta contra a ditadura “pelo voto” e pela
ação parlamentar. De “esquerda” eram também designados o PDT brizolista e
o PT, apesar de este ter agasalhado facções de extrema-esquerda que,
com outras denominações, até hoje estão lá.
Ao falar, por exemplo, numa eleição
europeia, a imprensa distinguia os partidos de “esquerda”, como os
socialistas, dos de “extrema-esquerda”, a exemplo dos mais radicais,
como, na Alemanha, os egressos do terrorismo à la Baader-Meinhof. Como
“de extrema-esquerda” eram também mencionados os movimentos insurgentes/
terroristas latinoamericanos como os Montoneros e os Tupamaros. Hoje,
as Farc são referidas como “organização de esquerda”.
Essa banalização das ideologias
partidárias, e a esterilização da política por meio da cooptação por
vantagens fisiológicas, fazem com que todos os gatos se pareçam
siameses, angorás e caibam todos eles no mesmo saco. Política é a
ciência que busca estabelecer mecanismos que permitam a construção
coletiva do bem comum. Mas, a política se constitui no jogo de
interesse, e na maioria das vezes, interesses próprios. Diversos fatos
contribuem para essa tese, pois, observamos pessoas que mudam de opinião
tão rápido como se troca de roupa.
Já ocorreram tantas surpresas no mundo da política, e isso enaltece aquela velha frase: “Em política só não vi boi voar.”
Em tão pouco tempo atrás era muito
escutado sair da boca do prefeito Luciano Bispo: " Eu tenho alergia ao
PT. " . E Marcelo Deda dizer que Luciano Bispo não valia o chulé do
sapato dele , e que queria distância. O tempo passa, e encontros
políticos com objetivo de novas alianças passam a acontecer, e isso
nos deixam bastantes curiosos.
O momento foi bastante interessante,
pois, essa semana estavam lá no Palácio de Veraneio reunidas, lideranças
que no passado já foram aliados, atualmente rivais que há poucos
dias se confrontavam nas idéias : Luciano Bispo, Deputado Arnaldo
bispo e Marcelo Deda. A pergunta que não quer calar é a seguinte: Se
antes Marcelo Deda fazia parte do saco de gato dos irmãos Amorins,
Jackson Barreto e Valadares e ainda torcia para Albano Franco ( PSDB )
fazer parte do balaio de gato , e Luciano Bispo fazia parte do grupo de
João Alves e Zé Carlos Machado que são adversários ferrenhos de Deda,
Sendo anunciado a aliança Luciano e Deda, agora esse saco vai ser
chamado de que?
Quais interesses você acha que Deda,
Arnaldo Bispo, Roberto Bispo e Luciano Bispo defendem: o seu ou o
deles? Já dizia um velho filósofo; " Farinha pouca, meu pirão primeiro. "
E o poder é atraente, Deda está com o poder, e o poder brilha como o
ouro, o poder é como um canto de sereia, é como o rei sol, E a terra e
mais 7 planetas gravitam em torno do poderoso Rei Sol ou astro Rei.
Como é atraente o poder. Muitos querem estar à sombra do poder. Ninguém
quer estar em um dia de verão ao meio-dia abraçado com um pé de
mandacaru. Todos querem a sombra e os frutos da árvore que se chama
poder.
E nesse balaio de gatos esfomeados
pelo poder, e com muitos espertalhões da política à espreita, fica
impossível identificar quem é de direita, esquerda, centro-esquerda,
socialista, progressista, neoliberal. Apesar da presença no legislativo
de deputados do DEM, PT e do Grupo dos Amorins. Muitos desses
parlamentares já foram do DEM, PSDB de Albano Franco e hoje estão em
partidos apenas por conveniência, pois não há identificação do que prega
o partido com o histórico na vida pública. O PSD, recém- fundado por
Gilberto Kassab, é a imagem dessa maquiagem política.
Sem saber o que o político é, você não
sabe em quem está votando. Essa dificuldade em identificar a
personalidade política do candidato reflete a falta de identidade
ideológica, a crise de representatividade dos partidos e a degradação da
atividade parlamentar.
A perda de paradigmas dos projetos
políticos e sociais aparece com força, nesse tempo de sinais trocados e
cartas misturadas. Muitos têm de trabalhista, socialista, e
democratas só no nome da sigla partidária.
POR BORYS KALOY
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