Pesquisa encomendada pela Justiça
Eleitoral ao Instituto Nexus e à Cultura Data e divulgada dia 27,
revelou que há um consenso entre os eleitores brasileiros que
participaram do estudo: os políticos são todos corruptos e não fazem
nada pelo povo. Há uma percepção geral de que a classe política não
trabalha em benefício da população e visa seus próprios interesses. Para
os entrevistados, os políticos são enganadores - prometem muito durante
a campanha e não fazem nada daquilo que prometeram - traem e abandonam o
eleitor. Sobre o sistema político brasileiro, a visão não é muito
diferente. Os participantes do estudo acreditam que mesmo um político
sendo honesto ele terá que se corromper para se adaptar ao sistema.
Segundo a pesquisa, a mídia parece desempenhar papel preponderante na
formação da noção de que "todos os políticos são corruptos". De acordo
com a pesquisa, no Brasil, há dois tipos de eleitores: os otimistas,
que acreditam no poder transformador do voto, e os céticos, descrentes,
que percebem o voto como uma perda de tempo, que não muda a realidade. O
levantamento, realizado nos últimos dias 25 e 26 de janeiro, foi
aplicado em 12 grupos de sete a 10 pessoas nas cinco regiões do País e
abrangeu todas as classes sociais, faixas etárias e de escolaridade. A
pesquisa identificou que os eleitores de perfil otimista, apesar de
serem críticos com relação à situação do Brasil, mantêm o patriotismo e
percebem o voto como uma arma do cidadão. Já o grupo de pessimistas
tende a ser contra a obrigação de votar e vivem a experiência de
frustração com o voto. Em comparação com os dados do levantamento , o
posicionamento dos cidadãos está mais definido. Antes, um mesmo cidadão
ficava dividido entre os sentimentos positivos e negativos diante da
realidade. O comportamento segmentado em dois grupos predominantes é
confirmado quando avaliados os dados sobre o significado do voto para os
participantes da pesquisa. De acordo com o estudo, o voto tem
significado positivo para a maioria. Entre as principais qualidades
levantadas estão o poder de mudar, a possibilidade de melhora, a
responsabilidade, o direito de escolha e o exercício da cidadania. Mas
alguns, em função do ceticismo identificado, atribuem ao voto alguns
valores negativos como a obrigação, a escolha baseada na sorte e a
sensação de perda de tempo. Outro sentimento associado ao momento do
voto é a insegurança. Dentro da cabine de votação, as pessoas se
perguntam se a escolha que fizeram é a mais acertada e se o candidato
votado vai corresponder às suas expectativas. Muitos afirmam que ficam
emocionados, mas ao mesmo tempo nervosos quando estão em frente a urna. O
voto obrigatório foi criticado em todos os grupos. Especialmente
eleitores mais céticos e descrentes associaram a obrigatoriedade do voto
à ineficiência. A opinião desses participantes é de que na democracia o
voto deveria ser facultativo. Nas regiões sudeste e sul, a maioria
acredita que os problemas brasileiros não são responsabilidade exclusiva
dos políticos. A conclusão é de que, se o povo escolhe, ele também tem
sua cota de participação. Para os entrevistados dessas regiões, falta ao
povo consciência, interesse e formação para poder votar melhor. Entre
os eleitores dos grupos das regiões norte e nordeste, alguns admitiram
ter vendido o voto ao menos uma vez. A prática ainda é comum em alguns
locais. No entanto, a noção geral é de que é preciso votar para poder
cobrar.
Paulo R. Zulino, do estadao.com.br
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