Não há nenhum álibi que justifique
qualquer tolerância em relação a políticos vis: nem a estabilidade
monetária, nem a tão decantada governabilidade, nem "razões de
Estado", nem a hecatombe apocalíptica com o conseqüente fim do mundo.
Nada! É questão de "vida ou morte" do Estado Brasileiro que
expulsemos da vida pública os "chupa-cabras" da Pátria!
Para isto é imprescindível aplicar critérios seguros. E o critério fundamental que permite distinguir o Homem digno do calhorda é a averiguação de sua vida pregressa. Se cuidadosa a análise, é um critério infalível.
As diferenças mais evidentes que
separam o Político do politicalho são de simples aferição. O
Político tem consciência de que é servidor do povo e, portanto, deve, na
medida do possível, atender aos anseios populares. Por esta razão, é
democrático. Já o politiqueiro "acha" que é o dono do poder. E a
partir dessa ótica, equivocada e hipócrita, desrespeita e menospreza
os governados, e tenta impor, despoticamente, sua vontade pessoal, o
que o leva a ser centralizador e arbitrário.
O Político trata a coisa pública
com o maior cuidado, porque lida com o que pertence a todos. Ao
invés, o politiquete descura de seu dever, porque não tem consciência do
que seja "Bem Público".
O Político não mente: esforça-se
para atender, sempre, às reivindicações públicas. Todavia, não
sendo possível, diz logo "não". Tem consciência de que nem sempre pode
aquiescer às expectativas populares. Ao contrário, o politicóide tem
u´a máscara para cada situação. Procura "agradar" sempre, é farto em
elogios, é falso, "pegajoso"... "nojento"...
O Político é um cumpridor da Lei, quando ela é justa. Se a lei é injusta, procura aperfeiçoá-la. Já o politicastro, megalomaníaco, tripudia sobre a lei, por princípio.
O Político defere; atende, de
maneira impessoal, às reivindicações coletivas. O politicante...
dá... como se do seu fosse!
O Político, como outros
profissionais sérios, trabalha em silêncio; é parcimonioso, austero,
discreto, simples, direto e dedicado. O politiqueiro, ao revés, é
espalhafatoso, bufão, populista.
O Político sabe de suas qualidades
e reconhece, publicamente, suas limitações. O politicalhão é
"papudo", inoportuno, sem-educação, "sem-desconfiômetro", inescrupuloso, e pensa que "tem o rei na barriga".
O Político é leal. O politiqueiro,
traidor. O Político não perde tempo com fuxicos e questiúnculas,
preferindo empregar sua energia em causas relevantes. Já o politiquilho,
como não tem capacidade para tratar de assuntos maiores, alimenta-se da podridão da intriga e da fofoca. E como é oco, vive de pose. Em geral, fala e não diz.
O Político não abre mão de seus princípios, e faz questão de torná-los
públicos. O politiquete... simplesmente não tem princípios. Por
isso, não se manifesta. No máximo, pergunta ou pondera somente com
gestos. Ou então masca... resmunga... ou emite uns estranhos
grunhidos guturais absolutamente ininteligíveis por humanos. Geralmente
preenche o tempo "público" comendo e bebendo. Ninguém sabe o que ele
pensa. Escuta muito, não se podendo, porém, saber se ele ouve.
O Político é altruísta: pensa
primeiro nos outros. Contrariamente, o "politicanalha" é, além de
egotista, egoísta: pensa só e sempre em si. É o tipo que se encosta onde
possa tirar proveito. Mesmo que seja num espinheiro. Este tipo é
deveras especial, sendo muito hábil no meneio de esgueirar-se e tendo a epiderme recoberta por uma como que vaselina biológica, o que o torna mais --liso--
que as pessoas normais. Leva vantagem em muito aspectos, porquanto
entra e sai praticamente sem ser notado,cola o celular no ouvido
fingindo estar conversando e sai de fininho para não dar atenção ao
eleitor passando escorregadiamente por vãos muito estreitos, portas e
janelas entreabertas e até por pequenos buracos em paredes, tetos
etc. Aquela espécie de graxa da pele faz dele um agílimo contador de
notas de dinheiro, tarefa de que se desincumbe com extrema facilidade,
até mesmo no breu da noite. Sua ideologia -- tipologicamente definida -- é sempre a próxima vítima que possa devorar... sem nada lhe custar.
Arremedos de políticos os há dos
mais variados estilos: os que pagam assessores para mandar cartões,
flores ou "lembrancinhas", quase sempre com assinatura falsa; os que
concedem votos de louvor ou de pesar; os freqüentadores "profissionais"
de bares, cerimônias, boates ou quaisquer outros lugares (com ou
sem convite) onde haja "massa", seu petisco predileto.
"Carpideiras" e assíduos
acompanhantes de funerais constituem outro tipo curioso, por sem dúvida.
Os que fazem cíclicas "visitas de cortesia" enxameiam os meios
"políticos". Há também os que pagam contas alheias (em períodos
restritos e bem definidos) e os que fazem congratulações públicas
"esotéricas", isto é, que são entendidas somente por um pequeno
grupo "fechado".
Alguns tipos sobressaem pela
praticidade, por ex., os que cumprimentam aniversariantes
desconhecidos por datas puxadas do computador ou "cavadas" nalgum banco
de dados.
Muito comuns são os "políticos-cometas": os que aparecem de tantos em tantos anos.
Claro que nisso tudo impera a mais
deslavada hipocrisia. Ocorre, porém, que "cada povo tem os
políticos que merece", como dito e redito. Existem também os muito
versáteis, que praticam tudo isso e ainda muito mais!
De modo geral, todos os tipos não-sérios elencados só falham num "detalhe": esquecem-se de cumprir com o dever inerente à função e da responsabilidade antes assumida.
No quadro posto, o que fica patente é que o povo sempre foi -- e continua sendo -- enganado, agredido e ludibriado em sua boa-fé, no mínimo pela maioria dos homens públicos brasileiros.
E os corruptos?, como aqueles -- muitíssimo comuns, aliás -- que compram ou vendem o voto e pagam ou recebem em cash? Bem, esses sequer cabem na categoria de políticos, mesmo ampliando-se ao máximo o conceito. Na verdade, são é criminosos. Porque corrupção é crime.
Por último, caberia indagar: Será o
Brasil viável? Com a mais absoluta certeza, sim! Todavia, o
processo de mudança somente terá início no tempo em que a Nação
Brasileira sentir, introjetar, vivenciar emocionalmente o conceito de Política, e depois, intelectivamente, decidir-se por uma drástica reorientação no rumo da nossa História.
No momento, o que se nota é a
apatia, o niilismo político. A energia nacional, por desorientação
e/ou por violento desespero, está manifestando-se ao sabor do puro instinto, o que explica, por exemplo, o incremento da criminalidade.
A tensão social está inflando
progressivamente, a olhos vistos. "Algo" de estranho e sintomático
está começando a ebulir.
Doutro lado, a História confirma
que a justiça social fatalmente se estabelece, mais dias, menos
dias, no seio de toda e qualquer nação. É simples questão de tempo;
porque nenhum povo suporta, para sempre, tensão social
crescentemente violenta: "uma" solução "explode".
Calha, pois, deixar postas as seguintes indagações: 01. Como, quando e por quais métodos e instrumentos conquistaremos, efetivamente, a nossa Democracia econômico-social?
02. Não seria menos traumático e, pois, bem mais prudente, sensato,
judicioso e, sobretudo, humano que no processo de construção da
nossa Democracia a iniciativa partisse dos próprios titulares dos três Poderes governamentais (de todas as esferas), é dizer, dos políticos em geral???
VALTER TINTI. advogado e professor de Direito Constitucional na Universidade Paulista - Campus de Araçatuba (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário