Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a tarifa deve cobrir exatamente os gastos da transposição do rio São Francisco
A água gerada pela transposição do rio São Francisco será a mais cara do país. A tarifa será de R$ 0,13 por mil litros de água, de acordo com o Conselho Gestor do Projeto de Integração do São Francisco.
No Brasil, o preço médio cobrado é de R$ 0,01 a R$ 0,02 por mil litros. A bacia do rio Piracicaba, por exemplo, é responsável por abastecer metade da cidade de São Paulo e custa apenas R$ 0,015 à Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp).
Para o pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, a transposição do rio São Francisco não será feita para o pequeno agricultor. A mira está no agronegócio para exportação, criação de camarão e o abastecimento de indústrias.
Além disso, ele considera difícil para o agricultor pagar essa tarifa. “Os colonos do Vale do São Francisco hoje já estão com dificuldades para pagar por uma água a R$ 0,02. Imagine com esse preço”, afirma Suassuna.
Mais uma estatal para gerenciar
A empresa responsável pela operação de transposição e distribuição da água será a Agnes, ainda em fase de elaboração na Casa Civil. A criação da estatal e a complexidade da obra são as justificativas do governo para a tarifa mais elevada.
A Agnes vai captar e bombear água para 12 milhões de pessoas em quatro estados – Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Os governos destes estados terão de investir em obras internas e pagar uma taxa fixa à estatal, provavelmente mensal.
Como diminuir a tarifa?
Uma das soluções possíveis para conseguir diminuir a tarifa será por meio de subsídios cruzados. Para isso, os estados devem aumentar as tarifas de grandes centros urbanos que não receberão as águas de transposição, como Recife.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), a tarifa deve cobrir exatamente os gastos da transposição do rio São Francisco. “Temos de avaliar a planilha de custos da agência para saber se o preço está certo. A tarifa deve cobrir os custos de manutenção e operação do sistema”, explica o gerente de cobrança pelo uso da água da agência, Patrick Thomas.
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